quarta-feira, janeiro 14, 2009

poemas ligeiros e irresponsáveis

mal posso o ferir o céu, como vates
que mendigam a vida no verso
mal contenho as multidões
estes nadas no vão do universo:
meu toque esmaga o espaço.
crescido sou, e as cidades trespasso
não com miríades de mapas
com a contagem infinda de passos;
não é no asfalto de suas malhas
que posso alguma hora perder.
meu toque destrói o tempo
os deuses calados do templo
a chuva, a onda, o vento:
não podem cidades me conter.
sou maior que os prédios
cujos rebites cheios de aço
as bases de tantos ferros
não logram além de mim ser.
sou e significo, sozinho e só
meu nome é o único nome,
basto-me, sou todo o homem,
o homem do todo, o todo eu,
o tudo, pura e simplesmente;
nada pode me ser indiferente:
de toda a gente o rosto é meu.

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