sábado, maio 16, 2009

Rosa do Povo

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Carlos Drummond de Andrade

A rosa era feia
a rosa era suja
do asfalto nasceu.
Mas por ser rosa feia
mas por ser rosa suja
do asfalto nascida
foi a rosa que a rosa 
rosa flor do jardim
de beleza batida
cansada de versos
da velha poesia
há muito não fora.
Metafórica rosa
mais rosa que rosa
menos flor que poesia
da feia e da suja
da náusea surgida
como cinza das horas
da metáfora perdida.

3 comentários:

marie. disse...

bonito poema, mas me explica por que me tirou dos links do seu blog? gostei do novo layout. beso

Chrysantho Sholl Figueiredo disse...

Lindo o poema mesmo!
Esta Rosa feia e suja é a Luxemburgo?

Brincadeiras a parte: porque a metáfora perdida? A noção de que a singularidade da rosa perde a capacidade de metaforizar qualquer coisa? Se for me parece que estaríamos falando de uma "meta-metáfora"...

Felipe disse...

Trata-se da cinza das horas da metáfora perdida, e não da metáfora perdida. A rosa feia representa a volta da rosa como metáfora, mas não como a velha metáfora romântica da rosa (a rosa já batida, cujo caráter metafórico se perdeu), mas a rosa que incomoda, a rosa feia e suja que nasceu do asfalto, como o povo, nova metáfora. O poema é todo referenciado ao poema "A flor e a náusea" do Drummond, recomendo a leitura.