sexta-feira, abril 24, 2009

Mulheres de Wonka

Argumento: as mulheres da ilha de Lemnos, amaldiçoadas por deixarem de prestar homenagem a Afrodite, ao saber que seus maridos voltavam suas atenções às jovens trácias que capturaram, mataram-nos todos, com exceção do velho rei Toante, pai de Hipsípila, o qual foi por esta abandonado no mar. Vivendo sós e sem possibilidade de ter filhos entre elas, para salvar as gerações dormem com os nautas do barco Argos quando eles, indo à Cólquida para recuperar o velocino de ouro, atracam na ilha, a fim de engravidarem. Hipsípile dorme com Jasão, nascendo deles Euneu. Se hoje fosse, mulheres e convidariam uma a outra à própria alcova. Às novas gerações dedicariam os meios artificiais de concepção, e nenhum nauta seria mais necessário.


Ah, de Lemnos cruéis divas da ilha
Verteram sangue do homem infiel,
E acumulam na morta viril pilha
A mácula da máscula alma ao céu.

Ao futuro da ilha, por ciúmes,
Assim lhe compromete o hediondo ato;
Cairão as folhas d’árvores dos cumes
E nova geração não terá o mato.

Hipsípila obrigada a Jasão pede
O arrego e lho convida ao próprio leito;
Assim o resto também delas cede
E tem aos nautas outros em seu peito.

Ilha de Lemnos, salva pela alcova,
O leite estranho salva a vida interna;
Que filhos este encontro então promova
É certo, que Euneu após Lemnos governa.

Fosse hoje o arrego outro seria:
O homem morto, largado ou castrado,
O mal que fosse, qualquer, tanto faria;
Que vale o homem tanto quanto o gado.

Seja traída ou traia essa mulher,
Também importa pouco hoje em dia;
Mulher de tudo faz e tudo quer,
De Lemnos tem a força, a ousadia.

E mais ainda tem sob o seu pano,
A tez macia, o lábio mel... a bronca!
Traída? Decidida na Trajano
Outra mulher se a vê beijar no Wonka.

Ao futuro do mundo, por ciúmes,
Assim lhe compromete o divo ato?
Nunca, pois a ciência, novos lumes,
A nós homens prescreve um novo fato:

Essa inútil, vã raça: somos nada!
Elas a tudo tem, como a proveta;
E os filhos vêm a rodo da parada,
Sem precisar de nautas a...

Um comentário:

Aline disse...

Hahaha.

Ótima!
Gosto assim: homens cantando a sua ruína.