sábado, setembro 20, 2008

Odisséia, livro vigésimo-terceiro

'Acorda, Penélope, filhinha querida. Confere com
os teus próprios olhos. O que desejavas aconteceu.
Teu marido voltou. Está lá embaixo. Antes tarde
do que nunca. Os safados estão mortos. Os que
saqueavam tua casa, devoravam tudo, ameaçavam
teu filho não existem mais" [...]
Odisséia, XXIII, 5-10, Trad. Donaldo Schüler


Odisea, libro vigésimo tercero
por Jorge Luis Borges

Ya la espada de hierro ha ejecutado
La debida labor de la venganza;
Ya los ásperos dardos y la lanza
La sangre del perverso han prodigado.

A despecho de un dios y de sus mares
A su reino y a su reina ha vuelto Ulises,
A despecho de un dios y de sus grises
Vientos y del estrépito de Ares.

Ya en el amor del compartido lecho
Duerme la clara reina sobre el pecho
De su rey pero ¿dónde está aquel hombre

Que en los días y en las noches del destierro
Erraba por el mundo como un perro
Y decía que Nadie era su nombre?

***
Odisséia, livro vigésimo terceiro
tradução por Leonor Scliar-Cabral

Já as espadas de ferro executaram
O devido trabalho da vingança;
Já os dardos mais ásperos e a lança
O sangue do perverso prodigaram.

A despeito de um deus, dos mares seus,
Volta ao reino e à rainha o intrépido
Ulisses, a despeito do estrépito
De Ares, dos ventos grises e de um deus.

Já no amor do compartilhado leito
Dorme a insigne rainha sobre o peito
De seu rei, onde está o homem, porém,

Que nos dias e noites pelo mundo
Errava proscrito, cão vagabundo,
Dizendo que seu nome era Ninguém?
***
Fantástico.

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