Eles, dos altos cumes habitantes,
De indivisos reinos, sentados, mandam,
Em tronos perenes, os imortais,
Nos mortais destinos insuperáveis.
Eles, deuses cujo ânimo em fuga
Não se flagra, imorríveis ditaram
Ser um mal morrer; e dentre os que caem
Não se contarão os que néctar bebem.
Cais tu, ao negar os verdes viçosos
De tipos vários, sob a vária luz
Do sol ou o halo ladino da luz
Da lua, de teus interditos olhos.
Cais tu, pagã ambrosia que hei comido,
Que de mim um deus não houve fazer,
Senão fazer de ti mesma senhora
Cruel de mim, por mim bem querida.
Uma a outra, vós vos buscáveis céleres.
Da morte não digo: quem não te quer?
Mas haver tu a ela desejado
Em noturno pranto, que deus explica?
Uma a outra, das falésias ao choque
Fúnebre, no mar te esperava a amiga,
No mar que pranteava sais amaros,
Cujo marejo era o chorar da morte.
Revoltos, o cimo buscando, os fios
Resistiam negros à rubra queda,
Assim também a amena branca roupa,
Que violenta a vertigem arrastava.
Revoltos, meus corações, os tivessem,
Te os braços estenderiam, mil deles,
Fossem o quanto fossem as medidas
Para do mar evitar a acolhida.
Cruel, eu amava a ti chorando e rindo,
Mas a rir o pontiagudo ruído
- ao ventre meu – dos teus quietos lamentos
Tu, cruel, tu sem porquês preferias.
Cruel, a vida toda pranteada,
Pedira-me lividez pr’esta hora;
Mas chora o mar, e até a morte chora,
Que alívio tenho onde me o pranto toma?
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