No exato momento em que posto esta 'homenagem', uma sirene rompe as aparências da madrugada e me justifica.
Ó estridente grito, fúnebre presságio,
claro como o que canta a fanfarra
na alegria rasa das gulas oficiosas,
por que te anuncias, tão límpido,
na confusa hora da madrugada?
negado do nada como se algo fosse.
segundo dos segundos que carregam,
por trás da inocência encantada
dos inocentes versos da Poesia,
a temida Aurora, a atroz Vigília.
O que há para salvar do inevitável?
a pestear o quase infinito tanque
do Sonho, com a manhã da qual és
rubro e grave núncio, e na qual
me precipito com vivos ouvidos.
que meus amores notívagos demais.
se dão da convulsão nas tardias
horas dos dias a um luxo vulgar;
que morram como querem a Morte,
na qual, dizem, o Fim não está.
O Fim está é na morte do meu Sono.
acidentes a ver o ânimo esvaído:
meu coração pelo que não cria
não sente; nem meus olhos marejam
pela vida que lá fora não vê morrer.
Antes eles, que o meu - e teu! - Sono,
que doces mãos ao menos me oferece.