terça-feira, dezembro 19, 2006

La lengua de las mariposas

Tendo saído do que se convencionou chamar academia, quando em realidade se trata do ginásio, local onde modelamos nosso corpo para a adequação estética dum padrão consensual – o qual seria hipocrisia criticar, haja vista que dele também partilho, sob o pretexto de buscar saúde, numa valorização excessiva a uma vida sem significados, sofri inicialmente um momento de euforia, natural para quem pratica esportes logo após interrompê-los, para chegar a um estado de moleza total do corpo, uma fatiga que ultrapassa o mero cansaço: trata-se daquele torpor físico que o estarrece por completo simultaneamente à presença de uma certa comichão que o diz para não parar, embora você seja incapaz de continuar. Você cai escarrapachado no colchão, impossibilitado, no entanto, de dormir.

Mais ou menos era esse o estado em que me encontrava quando mergulhei num filme em minha sala. E julgo agora que minha paradoxal apatia é efeito do filme! Tal é a admiração que me causou, a emoção que descobri viva quando pensava estar já endurecida pela trajetória que o acaso traçou ao longo da vida. Embasbaquei-me.

Não importa se exagero. Encantei-me. O que o faz valer à pena.

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