sexta-feira, novembro 14, 2008

Vindicação do acadêmico (ou refutação ao fetiche do 'mundo real')

De quem tem olhos e lá esteve
como portasse o justo título
de mais senhor e mais legítimo
da pura e crua, nua e limpa
.............realidade;

de quem desdenha, por altivo,
do amor à luta que se trava
neste domínio oculto e belo
e até humilde do conflito
.............entre as palavras;

do que é néscio e mui estulto,
assim tão certo do que vê,
que diz ser puro no que sabe
porque recusa, na verdade,
.............do outro saber;

de quem acusa a nós vivermos
encastelados nas palavras,
a quem ouvir é ganhar vício
e ser impuro, pois sozinho
.............não logrou ser;

de quem se julga então mais puro
pois com seus olhos, só com eles,
ficou sabendo o que conhece
e o que colheu (minguada messe!)
.............foi sem ajuda;

deste rirei, e rirei muito,
como de mim já muito rio,
porém de mim por ser humano,
por ter vivido e ter ouvido
.............e errado tido,

mas dele rio pelo alto dom
de ser o dono da verdade,
de ser tão puro em preconceitos,
que impuro é todo ser que vive
............com a linguagem.

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