Eram cacos estilhaçados de um vidro verde
Que partiam derme e epiderme. A pele
Partida, rota, em cacos.
O plasma sangüíneo no caos da fuga
Do seu regular fluxo intravenoso
Para lá dos epitélios tegumentares.
Eram sinais de luta, máculas de hematomas
Na alva tez da moça morta. O tapete
Maculado, fétido, emético.
A bonita moça e viscerada, rasgada no ventre
Desde a boca dos quádruplos lábios
À caixa que guarda todo sentimento.
Era uma vida esvaída na ponta da garrafa
Na sala onde jazeram tantos outros mortos;
No féretro de barro cru que abriga móveis
E as íntimas lutas fatais.
Cena do crime: antecâmara do paraíso.
Ímpetos que revelam os ciúmes
Gravando no obituário seus escopos.
Os amores revelam os amores
Desventurados como cegos, inatingíveis
E incontroláveis como feras.
Um poço de descontentamento
E culpa, de que não mais se foge.
Enclausurado na mão homicida
O peso de uma imortal lembrança
Não evapora. Não se esvai
Sequer o desejo de fazê-lo de novo
Incansavelmente desesperado.
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