quinta-feira, agosto 24, 2006

Soneto

Alarga tua boca com prazer
Ao rir de mim que me percebo incerto.
Ri de meu choro, de meu peito aberto,
De um riso meu, do que me faz sofrer.

Ri, mas com todo dente descoberto,
De tal modo que as gentes, ao te ver,
Vejam o que te faz escarnecer:
Eu vago e impreciso, insano e liberto.

E vai rindo sempre do indefinido
Que sem cessar fui. E quando bastante
Tua infalível boca tiver rido,

Olhar-te-ei eu com pena, intimorato.
Porquanto tudo fui, sendo inconstante,
E nada foste tu, sendo tão exato.

Um comentário:

Anônimo disse...

pra comentar sempre falta coragem.
fenomino que nao ocorre so comigo, pelo jeito.
;)

Denise.