sábado, setembro 18, 2010

Contra a poesia

Resto de janta abaianada.
João Cabral de Melo Neto

Tudo é moldura e cobertura,
luta injusta contra a revolta
de um nada feito da poeira
ínfera de realidade.

(Não melenas, o livro escrito,
a prenhez do gênio que pinta,
mas a abortada folha branca
sob a madeixa - pluma e cera.)

Ardil materno da semente:
desertos vigem na raiz
de tela calva que aferra a tinta
à feliz folhagem, e erosiva.

Nenhum comentário: