Uma delas. Tradução minha.
Me chamo Roberto Christophersen Arlt, e nasci numa noite do ano 1900, sob a conjunção dos planetas Saturno e Mercúrio. Fiz-me sozinho. Meus valores intelectuais são relativos, porque não tive tempo de me formar. Tive sempre que trabalhar e em consequência sou um improvisado ou adventício da literatura. Esta improvisação é a que faz tão interessante a figura de todos os ambiciosos que de uma forma ou de outra têm a necessidade de afirmar seu eu.
Creio que a vida é bonita. É preciso apenas afrontá-la com sinceridade, desentendendo-se em absoluto de tudo que não nos faz melhores, mas não por amor à virtude, senão por egoísmo, por orgulho e porque os melhores são os que dão coisas melhores.
Atualmente trabalho num romance que se intitulará Os sete loucos, um índice psicológico de caráteres fortes, cruéis e torcidos pelo desequilíbrio do século.
Minhas ideias são singelas. Creio que os homens necessitam de tiranos. O lamentável é que não existam tiranos geniais. Talvez porque para ser tirano há que ser político e, para ser político, um solene burro ou um estupendo cínico.
Em literatura só leio Flaubert e Dostoievski, e socialmente me interessa mais o trato dos canalhas e charlatães que o das pessoas decentes.
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